Bruxa
Um mini conto
A gargalhada dela ainda ecoa pelo campo. Bruxa é o que você é. Me deixe em paz, grito. Todos se foram, menos ela.
Um incêndio devastou nossa pequena e odiosa vila. Só não incendiou a maldita que se empoleirava na velha Mangueira pra chupar fruta de modo indecente e atiçar o fogo de velho casado. Sua bruxa, diziam. Sensual demais, bruxa. Escandalosa demais, bruxa. Cabelos sedosos, olhar penetrante, corpo farto, só pode ser bruxa.
De tanto chamarem a bruxa, a bruxa veio. E tudo acabou em fogo. Menos ela, que caminhava pelas chamas gargalhando. Olho pras águas do rio e a bruxa tá lá me encarando, de dentro dos meus olhos e rindo com a minha boca.
Juliana Basilio


